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renascemos

  • Padu
  • 27 de mar. de 2018
  • 2 min de leitura

filho,

depois de um mês de viagem, nascemos de novo. estamos desapegando de tanta bagagem, de tanta crença do que queríamos e gostaríamos que acontecesse nessa viagem, vivendo uma imersão tão intensa na relação de nós mesmos, que nos redescobrimos e já não pesamos mais o mesmo. é inevitável segurar o fluxo do rio renascimento. tão inevitável que fomos desaguados no meio do rio onde refizemos o seu parto.

foi assim: contando sobre o parto cesariana difícil que tivemos há 2 anos atrás, sobre todo o sofrimento e culpa ainda envolvidos no processo do seu nascimento, uma amiga querida sabiamente disse: então, por que vocês não refazem o parto? e já era tanto o que deveria ser, que em um piscar de olhos estávamos lá, eu você e seu pai, no rio mais intocado que já entramos.

no caminho, percebi que já não mais éramos os mesmos. que essa viagem estava proporcionando uma transição imensurável para nós. enquanto você brincava com as pedras e jogava uma a uma no rio, eu jogava em palavras o que já não queria mais ser:

me despeço, filho, do ideal. do controle de querer que você seja a criança perfeita. me despeço do controle de querer ser a mãe perfeita. me despeço dos medos e dos controles dos seus passos e me desculpo por não ter te deixado voar mais nas descobertas. me despeço de querer “resolver” você, “resolver” seus “problemas”, “resolver” seu choro. nesse renascimento, me permito ser a mãe que eu posso ser, só isso. seu pai tirava fotos e se despedia de tentar dar conta de tudo sempre, se desculpava por tentar fazer você ser quem ele queria e se abria pra te aceitar sendo você, todo você.

nessa brincadeira das palavras e pedras, achei uma pedra traçada com veias, nossa placenta. representando aquela que nem vimos, nem tocamos, nem cheiramos.

colocamos as mãos no topo da sua cabeça, fizemos um canal, por onde pressionamos até seus dedos do pé. te levamos até o rio e mergulhamos você, acolhemos seu choro, e te amamentei, recém renascido. algumas borboletas amarelas voavam sobre nossas cabeças, rimos, apontamos, dançamos com os olhos junto delas.

tudo isso pra dizer que foi preciso sair para respirar o novo

foi preciso respirar o novo para renascer

“amanhecer é uma lição do universo

que nos ensina que é preciso renascer

o novo amanhece

o novo amanhece”

fotos: João Pedro Orban


 
 
 

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